O que é o meta asiático e como ele está sendo aplicado no Wild Tour

Conversamos com especialistas do torneio e Blind, strategic coach da Vivo Keyd

Foto: Vivo Keyd/Divulgação

Apelidado de “meta asiático” pelos brasileiros, o estilo de jogo de países orientais, como Coreia do Sul e China, tem influenciado várias equipes na disputa do Wild Tour. Uma, em especial, levanta a bandeira da estratégia chinesa, a Vivo Keyd, que perdeu na estreia para a DreamMax por 2 a 1. No entanto, ela não é a única a ter adotado este método. Aliás, o meta importado já se tornou uma tendência.

Mas, afinal, o que é esse meta e como ele está sendo aplicado? Nós consultamos especialistas, e o principal responsável pela entrada avassaladora da Ásia no Wild Rift brasileiro: Blind, strategic coach da VK, de apenas 18 anos.

O que é o meta asiático?

Felipe Tonello, caster do Wild Tour: O meta consiste em jogar na Rota do Barão e do Meio com Campeões que depois consigam fazer as rotas laterais muito facilmente. São assassinos, lutadores. Enfim, uma gama de Campeões que vão ter pressão ou vão conseguir tirar 1-1 e ficar na rota lateral sozinhos, ou quase sozinhos.

Ao mesmo tempo em que você coloca um Campeão que tenha uma limpeza de onda de minions à distância, que é o caso de Morgana, Ziggs, Varus, Corki - que são as exceções de atiradores -, Brand e Orianna, por exemplo. Esses Campeões são colocados na Rota do Dragão, junto com o Suporte.

Assim, existe uma defesa para esses Campeões que querem escalar, que querem crescer, e o quanto antes no jogo, às vezes até antes do primeiro objetivo [dos 4 minutos de partida], eles já vão para o Meio. Eles ficam lá praticamente sozinhos também. Pode ser que eles tenham ajuda de um Suporte ou de um Caçador, mas basicamente eles defendem a torre mais importante do jogo.


Como ele foi aplicado na Semana 1 do Wild Tour?

Felipe Tonello: A maioria das equipes deu prioridade para Campeões que são bons nesse tipo de meta. Então, Fiora apareceu muito, Ziggs teve muita presença, assim como a Morgana… O Sett também, embora não tenha sido tão utilizado no exterior, ele encaixa bem nessa rota lateral. Em termos de escolhas, as prioridades foram relacionadas ao meta asiático. Existiu muito dessa intenção, mas na prática nenhum time jogou esse estilo de forma ortodoxa.

Vimos os times buscando mais brigas, times contestando mais, como a própria B4, que fugiu dessa formação 1-3-1 o tempo todo, e foi contestar [os objetivos]. A TSM ficou conhecida por jogar com o meta asiático na Horizon Cup, então a B4 se armou contra isso e foi para a luta.

Por exemplo, até a Los Grandes, que falou que iria jogar o meta brasileiro [usou alguns elementos do meta asiático]. Realmente, o Shumas (Midlaner) jogou até de Yasuo, mas a gente viu o Irotah jogando de Ziggs em uma das partidas. Então acaba não saindo muito dessa prioridade. A prioridade de escolha é muito semelhante ao que jogam na Ásia, mas a execução da estratégia acabou sendo diferente. 


O meta asiático funcionou no Wild Tour?

Felipe Tonello: De novo, o time que acabou sendo o mais ortodoxo, e na cara dura resolveu jogar dessa maneira, foi a Vivo Keyd. Ganharam um jogo de meia hora, depois perderam os dois jogos, o segundo em 14 minutos e o terceiro em aproximadamente 20 minutos. Nos três, eles mantiveram a ideia de rotação 1-3-1 muito cedo, e continuaram fazendo pressão na rota lateral e tentando controlar.

O Katrina [Mid da VK] falou recentemente: ‘Quando a gente perde o controle, tentamos retomar, mas a ideia é tentar controlar o mapa o tempo inteiro’. A estratégia acabou não dando certo. Eles perderam para a DreamMax, um time que estava muito mais solto e jogando de forma mais flexível. 


Quais foram os erros da Vivo Keyd diante da DreamMax?

Blind, Strategic coach da VK: Na nossa estratégia é tudo planejado, então cada um deles [jogadores] tem que agir de acordo com o planejado. Se algum deles tomar uma decisão errada, quebra o planejamento e a gente tem que improvisar. O que aconteceu contra a DMX foram vários erros individuais.

Além disso, o que prejudicou foi um ‘vício’ ruim do brasileiro, que é só querer lutar. A gente faz os treinos contra as equipes e vai bem, mas aí chegou no campeonato e nos deixamos levar por isso, porque os adversários estão fazendo.

Qual é o objetivo principal do jogo? É derrubar o Nexus, certo? Então as lutas precisam ser pensadas e focadas para conseguir isso. Eu tenho que lutar para conquistar esse objetivo. Então, por que eu vou querer ficar jogando no meta brasileiro e lutando toda hora? A gente vai encaixar esse jogo, vai ficar automático em breve. Meu time pensa, é inteligente.

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Blind, strategic coach da Vivo Keyd - Vivo Keyd/Divulgação

Como adaptar o meta asiático ao Brasil?

Belle, caster do Wild Tour: Por conta da Vivo Keyd ter uma aplicação só do meta asiático, a DreamMax teve uma leitura muito rápida da partida e conseguiu contra-atacar a estratégia dos adversários. Eles pegaram os Campeões corretos, os magos nas rotas laterais, mas isso facilitou a leitura. O primeiro jogo saiu para a VK, mas no segundo e no terceiro, a diferença foi muito grande.

Para se adaptar, além de fazer as escolhas certas de Campeões e itens, os times brasileiros precisam ter aquela leitura macro e micro [variações] e trabalhar em cima disso. Porque como estamos falando do estilo de outro continente, todo mundo naquele local usa a mesma ideia. Já aqui no Brasil são algumas equipes que adotaram esse meta, e fica mais fácil de contra-atacar quando alguém põe algo em prática, mas não domina aquilo totalmente.

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