Katrina: “Eu sou louco, mas um louco consciente”

Mid Laner da Vivo Keyd conta trajetória até às finais do Wild Tour

Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil


Meu estilo de vida
liberta a minha mente.
Eu sou completamente louco,
mas um louco consciente.

- Charlie Brown Jr.


    Aos 30 anos, mesma idade da banda que compôs “Tamo aí na atividade”, Guilherme 'Katrina' Protzner sobreviveu a muito lixo. Nascido e criado na Zona Norte de São Paulo, o atual Mid Laner da Vivo Keyd passou por muitas dificuldades até conquistar a chance de trabalhar com games. Uma trajetória que pode ser bem resumida pela música de Charlie Brown Jr.

    “As pessoas não sabem o que cada um passa. Eu passei por muita humilhação, por causa de dinheiro e por não ter apoio, e só assim entendi o que é a vida. Aprendi a dar valor para as coisas simples”, contou.

    A relação do Mid com os jogos se estreitou durante um período de vulnerabilidade emocional. De origem humilde, Katrina não conseguia prospectar uma profissão e nem encontrar formas de ser bem-sucedido no futuro. A falta de perspectiva fez com que ele enfrentasse uma depressão.

    “Com mais ou menos 18 anos, eu estava completamente sem expectativa… Já tinha deixado de sonhar mesmo. Fiquei uns cinco anos bem depressivo, na bad mesmo. Como eu já jogava desde a infância, em lan house e etc, os games foram minha válvula de escape neste período. Foi nessa fase que eu comecei a conhecer os MOBAs e vi que me dava bem naquele jogo”, contou.

    “Ninguém da minha família me apoiava. Diziam que não ia ter futuro. O meu mental ficou lá pra baixo durante muito tempo, mas teve um momento em que falei: ‘Não preciso de apoio. Vou fazer isso por mim e vou correr atrás. Em algum momento eles vão apoiar’.”

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    Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil

    Katrina transitou por equipes amadoras de diversos jogos antes de criar raízes e começar a se destacar no cenário. No entanto, ele fez o caminho inverso do universo gamer. Antes de se tornar pro player, e disputar um campeonato profissional, ele já criava conteúdo e fazia streams.

    “Segui fazendo stream, vídeos e etc. Quando consegui meu primeiro contrato e começou a cair um dinheiro, eu vi que levava jeito para a coisa. Além disso, também disputava alguns torneios. Essa foi a minha vida durante um bom tempo”, disse.

    A grande oportunidade na Keyd foi um divisor de águas na vida de Guilherme. O cara por trás do nick queria ter a sensação de vestir a camisa de uma organização e poder jogar profissionalmente, ainda que tivesse que abrir mão de fazer algo que gosta muito, criar conteúdo.

    “Sem sombra de dúvidas é difícil conciliar as duas coisas: fazer live e treinar. Por isso, quando a VK me abriu as portas, deixei todas as outras atividades em segundo plano para me dedicar totalmente aos treinos e ao estudo. Eu tenho as minhas doideras, falo bastante besteira, mas tenho minhas responsabilidades e assumo. Eu sou louco, mas um louco consciente”, afirmou.

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    Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil

    “Eu não vim pra me explicar”

    O jeito malandro e as gírias paulistanas acompanham Katrina para além das redes sociais, mesmo que muitos “katriloucos”, como são chamados os fãs do jogador, acreditem que se trate de um personagem. Por conta da personalidade

    “No início do meu canal no YouTube, eu não tinha nem celular para fazer vídeo. Lembro que tinha sobrado menos de mil reais no mês, aí fui lá e comprei um simples só para começar. Mas até hoje meu canal e meus vídeos são feitos sem webcam e sem edição. Prefiro que seja assim, simples, porque reflete quem é o Katrina”, ponderou.

    “Sou assim mesmo. Falo desse jeito, tenho esse jeito 100% do tempo. Tem gente que não gosta e tudo bem, até porque não dá pra agradar todo mundo. Mas quando vejo alguns comentários em rede social de alguém falando que não gostam de mim, porque sou arrogante ou qualquer coisa desse tipo, não fico bolado. Se o cara me conhecer de verdade, vai saber que não sou assim.”

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    Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil

    Durante os Playoffs, o Mid foi o grande destaque do elenco, inclusive sendo o Dono da Série na vitória contra a DreamMax, que garantiu a vaga para as finais. Entretanto, os holofotes não o iludem a esta altura do campeonato, já que a escalada no competitivo não foi nada fácil.

    “Aprendi a dar valor para as coisas que realmente importam na vida, as pessoas que correm do seu lado e o afeto que elas te dão. É isso que me move e vai ser sempre assim”, acrescentou.

    Por fim, as certezas que Katrina carrega consigo hoje são importantes para dividir com os jogadores que, neste sábado (7), entram no palco no MinasCentro, em Belo Horizonte, para enfrentar a Miners pela semifinal do Wild Tour.

    “Quero ser referência para esses jovens aí. Quero o título, obviamente, mas já significa muito pra mim estar vivendo tudo isso. Sempre fui do time dos renegados, de tudo, então agora eu faço o possível para passar o meu conhecimento de vida para esses jovens, que estão começando a vida agora. Ser trintão tem suas vantagens, porque já vivi de tudo e agora posso ajudar a colocar a cabeça deles no lugar certo, no caminho certo”, concluiu.

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    Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil

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