De bad boy a paizão da Miners: a transformação de Xem

Top Laner conta como a paternidade foi importante para seu amadurecimento

Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil

Aos 23 anos, Marcelo "Xem" Evangelista assumiu o posto de “paizão” da Netshoes Miners. E o papel do Top Laner vai além de ser o capitão ou shotcaller da equipe. Quando as coisas vão mal nos bastidores, é ele quem aparece para dar uma palavra de incentivo ou até mesmo um puxão de orelha.

“O cenário tem muitos jovens imaturos. São pessoas novas, que ainda estão aprendendo muito sobre a vida e saindo do conforto de casa. Tem o fato de uma pessoa muito nova estar se expondo ao público, então ela precisa de alguém com mais experiência que entenda como lidar com frustrações”, afirmou Xem.

A Miners, terceira colocada do Grupo B no Wild Tour, fez uma estreia ruim no torneio e o baque, após a derrota para a Los Grandes (2x0), demorou a passar. Xem se viu na posição de ajudar a elevar o moral dos companheiros e não se esquivou na missão.

“Nós passamos por um momento complicado, não tivemos o início no campeonato que queríamos e nos frustramos. Tanto que eu, Fusion e Mathias conversamos muito com os meninos para não deixar o time rachar, porque é um grupo relativamente novo, que acaba se apoiando em quem tem mais experiência. O papel de quem tem mais bagagem é importante”, relembrou.

Mas nem sempre Xem se mostrou um cara responsável e disciplinado. Na época em que jogava LoL, a personalidade difícil de lidar, como descreve, fez com que ele enfrentasse períodos turbulentos e uma certa fama de “bad boy”. Como era difícil conviver no ambiente do esporte eletrônico, Xem quase desistiu da profissão.

“Foram quase seis anos de carreira entre altos e baixos. Eu tive boas oportunidades, que não posso culpar ninguém além de mim mesmo por ter desperdiçado. Não aproveitei as chances quando deveria e não tomei decisões corretas de carreira. Isso me deixou muito frustrado, mas decidi que queria recomeçar no Wild Rift, ser uma nova pessoa e um novo jogador. Queria fazer diferente, ser diferente", disse o player.

A mudança de comportamento foi dura. Aliás, boa parte dessa transformação foi fruto do amadurecimento. Maturidade que o Top Laner admite ter se esforçado para adquirir.

“Eu não sabia me expressar muito bem e isso gerava conflitos. Além disso, demorei para entender essa questão de desenvolvimento de jogador, a importância da parte do treino, de ter dedicação. Vi o que falhei no passado, nesses anos, e isso me ajudou a criar uma rotina, me fez estudar como lidar com pessoas e assim trazer tudo isso para o meu trabalho atual”, contou.

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Miners após vitória de virada sobre a Vivo Keyd na Semana 8 - Foto: Cesar Galeão/Riot Games Brasil


Camille

Toda a experiência de vida e o processo de amadurecimento de Xem foram ainda mais intensificados com a chegada de sua primeira filha. Camille, agora com pouco mais de um ano, foi nomeada em homenagem à Campeã do LoL e do Wild Rift, que leva a alcunha de Sombra de Ferro.

Na GH, Xem é o paizão do time, mas em casa é o pai coruja da Camille.

“Depois que eu virei pai, eu tive que amadurecer mais uns dez anos da noite para o dia. É impressionante a mudança do Xem de antes da Camille para quem eu sou agora”, contou o Top Laner aos risos.

“O nascimento dela mudou a minha vida e me deu muito mais responsabilidade. Até por isso que na Miners eu sou muito paizão com a equipe. Eu e o Fusion, que somos os mais velhos, cuidamos do time como uma família mesmo”, acrescentou.

A tarefa de ser um pai presente e atuar na principal liga do país de Wild Rift não é fácil para qualquer um. Mas a paternidade é algo da qual Xem não abre mão, mesmo que muitas vezes precise abrir mão do descanso.

"Você não dorme mais quando se torna pai. Ainda mais a Camille, que é uma bebê muito agitada e quer brincar o tempo inteiro”, revelou sorrindo. “Eu fico em cima o tempo todo, mas isso não me impede de me dedicar aos meus objetivos. Minha mulher e minha mãe são minha rede de apoio em tudo”.

Além disso, a compreensão dos companheiros de equipe é algo fundamental neste quesito. Inclusive, os companheiros de Xem elegeram Camille como a mascote do time.

“A foto da Camille é a do perfil do grupo onde a gente troca mensagens pelo celular. Todo mundo tem figurinhas dela, fazem memes. Enfim, ela é parte da Miners também.”

Neste sábado (16), a Miners enfrenta a DreamMax pela penúltima rodada do Wild Tour. Se vencer, a equipe garante o terceiro lugar na tabela do Grupo B. Acompanhe a série ao vivo nos seguintes canais: Twitch, TikTok, Nimo TV e YouTube.

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